quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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A ver as pombas

O frio, o vento e a chuva raro causam mudança do meu humor para pior, e com o geral dos contratempos também aguento. A doença, quando vem, aceito-a o melhor que posso, procuro médico competente e esforço-mo por voltar depressa ao estado anterior. Também consigo sorrir das pequenas contrariedades do dia-a-dia: torneiras que falham, burocracia tola, comunicações deficientes, lojistas gananciosos, mecânicos que aprenderam para caiador, bombeiros com lotarias...
Mas excede as minhas forças andar por aí de sorriso nos lábios, ar optimista e a passadas dinâmicas. É que há as pessoas! Não todas, evidentemente, Nosso Senhor nos livre, mas umas poucas são o bastante para que eu às vezes considere as possibilidades da mocada, do pontapé, o raticída, o chá de aloendro, o empurrão dado à beira de uma arriba.
Evidentemente que não é questão de passar a vias de facto, tãopouco de enumerar as verdadeiras torturas a que o semelhante nos pode submeter, inconsciente de que o faz ou, pior ainda, até com boas intenções. Mas cada vez estou mais convicto de que não nasci animal social, e compreendo melhor os anciãos que se refugiam na surdez ou, com ar meio demente, se ficam pelos bancos dos jardins a ver as pombas.






Publicada por JRC

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